Junto ao edifício dos Paços do Concelho encontra-se situada a Igreja da Misericórdia de Esposende.
A Igreja da Misericórdia faz parte de um complexo de edifícios que inclui também a Casa da Misericórdia, cuja confraria foi instituída em 1595. O templo atual data de 1893, conforme uma inscrição existente no seu interior.
No interior da Igreja da Misericórdia está construída a Capela do Senhor dos Mareantes. Trata-se de uma Capela de características excecionais, classificada como Monumento Nacional.
Vale a pena deter o olhar na magnífica talha dourada, de uma iconografia riquíssima. Não deve deixar de reparar também nos nichos que ladeiam o altar-mor, com passagens da vida de Cristo (Cristo e Zaqueu e Cristo e a Samaritana).
Depois, o mais confortavelmente que puder, não deixe de admirar o teto, em caixotões de talha polícroma, onde estão representados os doze profetas Messiânicos. Estão dispostos em três séries, em grupos de quatro. Tente identifica-los: Oseias, Joel, Amos e Miqueias; depois, Isaías, Nahum, Jeremias e Ezequiel; finalmente, Daniel, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Este teto é de facto de uma riqueza e de uma beleza extraordinárias, e é fácil compreender porque é considerada esta capela a joia da arquitetura religiosa de Esposende.
Não deixe de visitar este património único!
Um dos locais normalmente muito procurado por quem visita Esposende é a zona situada junto à foz do rio Cávado, onde se encontra o forte de S. João Batista.
O forte de S. João Batista ergue-se junto à foz do Cávado, no limiar do rio e do mar. É um edifício de origens seiscentistas, mandado erigir por D. Pedro II, mas que viu a sua construção prolongar-se pela centúria seguinte.
Como era comum às fortalezas da época, a planta é em forma de estrela. Neste caso, de cinco pontas, encimadas por guaritas. Os ângulos das paredes pretendiam evitar o tiro direto de peças de artilharia atacante sobre as muralhas, reduzindo dessa forma o risco de danos sérios.
Também como é comum a outras fortalezas coevas, este forte estava armado com uma bateria de artilharia. Podia assim proteger Esposende e defender a entrada no Cávado.
A sua construção é de granito, pedra da região, resistente e facilmente disponível. Ao longo da sua existência o forte de S. João Batista viu-se por vezes ameaçado pelo avanço das areias. Mas foram os homens os seus principais destruidores. Foi parcialmente desmantelado aquando da instalação do farol e também quando decorreram as obras de enrocamento da barra do Cávado.
No Monte de Abelheira, na freguesia das Marinhas, encontram-se localizados os Moinhos de Vento de Abelheira. Venha conhecer este importante património e gozar de uma fantástica vista sobre o concelho!
Os moinhos de vento da Abelheira são um testemunho da riqueza cerealífera desta região. São edifícios de corpo cilíndrico, construídos em granito e localizados na encosta do monte, onde os ventos predominantes podiam ser bem aproveitados. Para tal, o topo do moinho (chamado “capucha”) era móvel, podendo ser orientado pelo “rabo” do moinho – um leme que forçava a “capucha” a rodar conforme o vento – para aproveitar a orientação deste.
As velas eram quatro e triangulares, fazendo rodar a engrenagem interior (constituída pela “entrosga” e “carrete”) que por sua vez fazia rodar a mó movente, também chamada “andadeira”. O seu movimento sobre a mó fixa – ou dormente – transformava o cereal em farinha.
Todo este mecanismo estava montado no andar superior do moinho, a que se acedia por uma escada, estando o andar inferior destinado ao trabalho do cereal e da farinha.
Outra forma de reduzir o cereal a farinha utilizável na alimentação era o emprego da força hidráulica das ribeiras. É o caso da ribeira da Abelheira, onde muitas azenhas rodaram em tempos. Estas azenhas eram conhecidas por “copeiras”, ou “de montanha”, numa clara alusão ao seu mecanismo de aproveitamento da força das águas.
No ribeiro de Peralta, aqui próximo, para além de azenhas era também aproveitada a corrente hidráulica para engenhos de serrar madeira.
Situada na freguesia das Marinhas, à face da Estrada Nacional nº13, a casa das Marinhas é o “solar dos tempos modernos”, uma síntese de acordo com uma declaração proferida por Viana de Lima, e que de certa forma resumia este princípio de equilíbrio em relação aos projetos das suas moradias.
A referência ao “solar” é relativo a um modelo de moradia, definido por um espaço edificado, concentrado, onde se reúne um conjunto de valências de apoio às atividades remotas, e da relação do espaço-tempo, numa simbiose entre a noção de uma referência à habitação e a nova conceção moderna.
Podemos concluir que há aqui, nesta expressão, uma sinopse de princípios. Se, por um lado, tem uma atitude conceptual na produção da modernidade, por outro preserva o conceito da construção tradicional, fruto de uma evolução progressiva ao longo do tempo.
Viana de Lima utiliza os princípios de Le Corbusier (figura singular da arquitetura mundial) na casa das Marinhas onde o “Modulor” se encontra presente, tal como nas moradias anteriores, desde de 1950. Projeta através da geometria pura, um objeto rígido volumétricamente de cheios e vazios unificados por uma casa pura, que funciona como unificadora da diversidade do conjunto.
Nas Marinhas, Viana de Lima ressalta o rigor a capacidades plásticas no controle da escala e nos meios utilizados. Estes acentuam dois pontos, “a arquitetura ao serviço do Homem e a influência dos materiais no aspeto plástico e nas condições de habitabilidade”.
Os princípios da residência mínima introduzida num meio natural, destinando-se a ocupações pontuais essencialmente durante o período balnear.
Este programa concentrava todas as intenções mais científicas e as utopias de juventude.
Viana de Lima é um dos atores no processo das transformações arquitetónicas em Portugal. O seu projeto para Marinhas interceta um conjunto de fatores, a partir de um velho moinho e cuja construção de raiz ele adicionou as novas dinâmicas da tendências desse tempo.
Assim, esta casa de férias pode ser entendida como um reparo à arquitetura que se produziu até então, resultando de uma linha de pensamento que se fazia sentir e que se materializava na sua casa.
Aqui, nas Marinhas, há uma pluralidade de acontecimentos, uns pela formação do arquiteto e um outro resultante do seu caráter. Pelo que deve resultar como pólo divulgador de toda a sua obra.
A residência doméstica deve ser cómoda e possibilitar o descanso necessário ao Homem. As correntes de mudança do mundo industrializado introduzem novos conceitos técnicos e novos pontos de vista na sociedade. Por vezes, os modelos familiares também se alteram criando novos hábitos, originando novas funções e novos espaços.
A casa das Marinhas, é construída em 1953 e o arquiteto acumula as duas funções de cliente e técnico. A parcela de terreno desenvolve-se junto a uma estrada nacional n.º13, que efetua a ligação entre a cidade do Porto e a Galiza.
O objeto de arquitetura é formalmente composto por três volumes, um cubo unido por um paralelepípedo que faz a ligação ao cilindro. O corpo cilíndrico era de um velho moinho que se encontrava praticamente em ruínas.
Corpo cilíndrico, como elemento dinâmico funciona como entrada e acesso ao piso superior. O prisma assume uma direção longitudinal, e liga o cilindro ao cubo em ambos pisos como zona de arrumos de livros, tal como duas prateleiras de dois armários se tratassem.
O cubo resulta como forma estática mas que se apodera em toda a sua composição arquitetónica.
É neste volume onde se concentram as funções vitais da habitação distribuída por dois pisos.
No primeiro piso o espaço é fluido, há uma clara preocupação, após libertada a estrutura, de fundir este espaço, que posteriormente vai ser subdividido por separação de elementos móveis e que vão diferenciar os respetivos usos em cozinha, estar e jantar, com o piso superior e os vãos exteriores.
No exterior prolonga-se esta ideia de pé-direito-duplo ou ao contrário do exterior entra para o interior. Isto depende apenas do circuito do observador. Exteriormente esta noção de efeito duplo é dada pela continuação da laje da cobertura e da parede norte que funciona também como proteção dos ventos, e ainda pela continuidade do material de composição da mesma. No lado oposto e efetuando a ligação da zona de refeições e cozinha há um outro espaço exterior de características diferenciadas de usos, mas assumidamente de um piso. Na continuação dessa mesma parede para nascente, e no seguimento da cozinha, há uma zona protegida dos ventos de norte e em sombra com uma mesa adoçada à referida parede pontuada por uma vão. Toda esta zona é pavimentada até à sala. Aqui pode-se sentir o efeito do “côncavo-convexo” e o fruto da mistura do natural com o edificado ou prolongamento dos movimentos da habitação ao longo do dia, de um lado a exposição a poente e proteção dos ventos, do outro o recanto e o abrigo a sombra para uma refeição de verão ao ar livre.
Ao nível do segundo piso os espaços são exíguos, as áreas dos quartos são mínimos. O último quarto pode usufruir de um vão que lhe permite a ligação com o espaço de pe-direito-duplo.
Relativamente a abertura dos vãos produzidos há uma clara relação entre os usos da habitação interior exterior e os pontos cardiais. A norte praticamente não existem. A nascente as dimensões são controladas de acordo com as funções que se pretende que desempenhem para a cozinha e zona de refeições. A poente ao vão maior resulta na zona do pé-direito duplo. Já na zona do sofá temos uma janela a uma escala mais controlada.
As obras de arquitetura, como a “Casa de férias”, têm uma imagem tridimensional, porque são sinais de um produto de passado conturbado, e são para nós, uma ideia, um modelo enquanto matéria de conhecimento, e expressam/refletem um período da nossa história. É deste modo, que este imóvel deve ser entendido como um recurso cultural, adequadamente enaltecido por uma comunidade que se pauta pela preservação dos seus bens culturais.
Quem visita a cidade de Esposende pode e procura conhecer a sua história tem necessariamente que visitar o pelourinho.
O pelourinho de Esposende terá tido lugar defronte da Câmara Municipal até 1925, quando o estado de degradação em que se encontrava obrigou a que fosse reconstruído no local onde o pode agora observar.
Trata-se de um interessante exemplar deste símbolo do poder concelhio. Sobre a tradicional base, neste caso de três degraus, assenta o plinto com faces tipo almofada. O fuste – a coluna – é oitavado e encimado por um capitel com motivos vegetais e uma cruz de Cristo. No topo pode observar uma esfera armilar, símbolo das navegações portuguesas de quinhentos.
O visitante pode reparar que no meio do fuste ainda está uma argola de ferro. Os pelourinhos destinavam-se, na sua origem, a castigar publicamente os que atentavam contra as leis do Concelho. Tais castigos podiam incluir a exibição pública ou a punição física. O condenado era amarrado ao pelourinho para aí cumprir a sua pena e para isso servia a argola que se pode ver.
Mesmo quando as punições públicas deixaram de se realizar, o pelourinho manteve o simbolismo do poder do Concelho, da autonomia dos homens livres de servidões ou laços senhoriais.
Uma passagem pelo Município de Esposende e uma visita ao seu património cultural e natural implicam quase que obrigatoriamente uma travessia do rio Cávado, travessia que ganha outro colorido se for efetuada pela velhinha ponte metálica de Fão.
A transposição do Cávado é uma travessia que apresenta alguma dificuldade, principalmente nesta zona, onde o rio ganha uma largueza notável. A ponte de Fão, de seu nome oficial – Ponte D. Luís Filipe – liga as duas margens do rio e foi, durante mais de um século, a principal travessia do Cávado na orla costeira. A ligação entre o Porto e o Alto Minho atlântico, e a Galiza, fazia-se, necessariamente, por aqui.
A ponte data de finais do século XIX, mais precisamente de 1892. É uma ponte típica desta época, com um tabuleiro em estrutura metálica assente em apoios graníticos, ritmados ao longo de todo o curso. O desenho deste elegante exemplar da arquitetura do ferro deveu-se a Abel Maria Mota.
Na época da sua construção, vivia em Barcelos o Engº Eiffel, e por isso é usual ser-lhe atribuída alguma inspiração na conceção desta ponte. Este exemplar do património da Arquitetura Industrial encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público, desde janeiro de 1986, por decreto do Governo nº1 de 3 de janeiro.
No Campo da Portelagem, Sobreiro, na freguesia de Vila Chã, encontra-se localizada uma destas memórias: a Anta da Portelagem.
O megalitismo corresponde à cultura que perdurou desde o V milénio a.C. até à Idade do Bronze.
Materialmente é representada, pela utilização de grandes pedras na construção de vários monumentos, tais como dólmenes.
A anta da Portelagem foi escavada em fins do séc. XIX por F. Martins Sarmento, mas objeto de outra escavação por parte de uma equipa da Universidade Portucalense dirigida pelo Dr. Eduardo Jorge.
É constituída por um tumulus ainda relativamente bem conservado e urna couraça pétrea que encosta às lajes da câmara, esta de forma sub-retangular. Originalmente a câmara seria constituída por 14 a 15 esteios graníticos, dos quais subsistem 12, alguns dos quais com gravuras. Da cobertura resta, uma laje de grande dimensão.
Está em vias de classificação como Imóvel de Interesse Público.
O município de Esposende possui um significativo património arqueológico. Visite os espaços e as “pedras” que contam a História de Esposende ao longo dos tempos! Para mais informações, consulte o ficheiro “Informação complementar”.
No Monte de S. Lourenço, na freguesia de Vila Chã, encontra-se localizado o Castro de S. Lourenço, a maior povoação castreja do concelho de Esposende.
Foi construído num dos esporões que compõem a arriba fóssil, revelando uma zona escarpada nas vertentes voltadas a Sul e ao mar.
Este habitat tem as suas raízes no Bronze Final (inícios do I milénio a.C.), sendo ocupado de forma efetiva e contínua cerca de 1.000 anos, entre o séc. VI a.C. e o séc. V d.C. Pode-se observar o sistema defensivo (muralhas e fossos), o conjunto de áreas domésticas e espaços laborais, vias de circulação, resultante tanto da labuta exclusiva dos autóctones (locais), como do cunho do Império Romano.
Pode-se admirar um conjunto de cinco edifícios totalmente reconstruídos, integráveis em dois conjuntos habitacionais. Numa outra área da estação arqueológica aliou-se a proteção de um conjunto de ruínas arqueológicas à respetiva visualização, através da construção de um passadiço de madeira.
O castro de S. Lourenço tem por missão auxiliar o público a compreender e a interessar-se pelo Património Cultural e Natural, funcionando como importante elemento para a compreensão da ocupação entre a Idade do Ferro e o Período Romano. Detém grande capacidade e qualidade no que respeita às características e tradições, através da interpretação do sítio tanto para o público em geral, como para o público jovem em particular. O potencial que este sítio arqueológico encerra será otimizado com o Centro Interpretativo de S. Lourenço.
Paralelamente, se outros valores patrimoniais não convidassem o visitante a subir o íngreme acesso, bastaria a esplendorosa paisagem que caracteriza a planície costeira.
Desde 1986 que o castro está classificado como Imóvel de Interesse Público.
O município de Esposende possui um significativo património arqueológico. Visite os espaços e as “pedras” que contam a História de Esposende ao longo dos tempos.
Em Fão, no Lugar das Barreiras pode visitar um Cemitério Medieval. O Cemitério das Barreiras foi alvo de escavações arqueológicas entre 1989 e 1991, sob direção do Prof. Dr. Carlos A. Brochado de Almeida da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Encontrava-se sob uma zona dunar o que permitiu a conservação e identificação de quase 200 de sepulturas de diversas dimensões, conforme a faixa etária dos inumados. São constituídas por pedras de granito e/ ou xisto, com tampas de xisto seladas com barro. Algumas inumações apresentam vestígios de antropomorfismo – fragmentos de telha depositados na zona da cabeceira – com a função de manter a cabeça do defunto na direção correta (Nascente). A totalidade das sepulturas está orientada para Nascente, mais concretamente para Jerusalém. Correspondem a enterramentos cristãos que, de forma contínua, foram utilizando o espaço entre o séc. XI e o séc. XIV.
Na área deste "Campo Santo" foram ainda detetados os alicerces de um edifício com vários compartimentos, o qual hipoteticamente corresponderá a uma habitação-oficina.
Na freguesia de Vila Chã encontra-se situado o conjunto megalítico do Rapido, formado por três mamoas.
Nos finais do século XIX foram objeto de estudo por F. Martins Sarmento, o qual escavou a Mamoa do Rapido III. Entre 1988 e 1990 foi objeto de um reestudo, efetuado por uma equipa da Universidade Portucalense, dirigida pelo Dr. Eduardo Jorge. A câmara, protegida por um tumulus em terra – a mamoa – e uma pequena couraça pétrea, é constituída por 9 esteios. Completam-na um pequeno corredor, orientado para nascente. Alguns dos esteios da câmara encontram-se gravados, aspeto que revela parte do universo simbólico daqueles povos megalíticos. Cronologicamente enquadra-se no III milénio a.C.
O conjunto está em vias de classificação como Imóvel de Interesse Público.
O menir de S. Bartolomeu do Mar é um monólito em granito visível em cerca de 2,10m de altura.
Mais largo na base, tem uma secção triangular ou sub-triangular, encontrando-se truncado no topo.
Visto de determinado ângulo, o menhir parece ter um certo aspeto antropomórfico (corpo humano) e apresenta uma série de fossetes (covinhas).
Os três menires de Esposende – S. Paio de Antas, S. Bartolomeu do Mar e Infia (Forjães) – articulados com as 21 mamoas identificadas no aro do concelho, colocam Esposende no centro do estudo megalítico do Noroeste de Portugal.
Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1992.
O megalitismo corresponde à cultura que perdurou desde o V milénio a. C. até à Idade do Bronze. Materialmente é representada, pela utilização de grandes pedras na construção de vários monumentos, tais como menires.
O menir de S. Paio de Antas é um monólito em granito, bem talhado, de aspeto fálico, sem decoração, sendo visível em cerca de 1, 65 m de altura. Apresenta uma inclinação para sul, posição que acentua sua forma eminentemente fálica. Grande parte dos investigadores atribuem-lhe carga simbólica, associando-o a ritos de fertilidade praticados pelas comunidades de então.
O conjunto de menires de Esposende – S. Paio de Antas, S. Bartolomeu do Mar e Infia (Forjães) – articulado com as duas dezenas de mamoas dispersas pelo aro do concelho, coloca Esposende no cerne do estudo megalítico do Noroeste de Portugal.
Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1992.