As primeiras sociedades terão escolhido preferencialmente a proximidade dos cursos de água para se estabelecerem, pois este aspeto era quase sempre sinónimo de disponibilidade de água potável e de alimento, de possibilidade de defesa contra inimigos e de via de comunicação privilegiada. Assim, ao longo da história da humanidade, importantes civilizações cresceram nas margens de grandes rios. A uma escala bastante mais reduzida, os municípios que são atravessados pelo Rio Cávado também se desenvolveram em volta deste curso de água, aproveitando todas as suas potencialidades.
Para além da satisfação de necessidades básicas como é o caso do abastecimento público de água para consumo ou mesmo da rega de culturas, atualmente a valorização dos cursos de água passa obrigatoriamente pela aposta no desenvolvimento de outras atividades direcionadas para uma vertente mais lúdica, que numa ótica de usos múltiplos dos recursos hídricos, promovem em simultâneo o desenvolvimento económico e o bem estar das populações.
No caso do Rio Cávado em concreto, as condições existentes em alguns dos seus troços, permitem a sua utilização para fins mais recreativos, nomeadamente a prática de atividades tais como canoagem, vela, remo, windsurf, kitesurf, prática de banhos, mergulho, utilização diversa de embarcações de recreio e pesca, entre outras atividades de recreio.
A pesca de caráter recreativo realizada nas águas interiores, numa vertente mais lúdica e desportiva, é uma atividade de lazer com bastante significado no nosso país, sendo visível o aumento do número de praticantes.
A pesca de caráter recreativo encontra-se dividida em duas categorias:
A pesca recreativa apresenta-se como uma opção de lazer, desenvolvida durante as férias, o fim de semana ou durante os tempos livres, nomeadamente para aqueles que vivem em centros urbanos e que gostam de manter um certo contacto com a natureza, sendo igualmente uma ocupação saudável do tempo livre.
Segundo a Direção de Serviços de Utilização do Domínio Hídrico, designa-se por Praia Fluvial “ao conjunto plano de água ou curso de água e terrenos marginais onde poderão ter lugar diversas recreativas complementares da atividade balnear”.
Para a prática destas atividades é necessário que o local cumpra uma série de requisitos, proporcionando a segurança e o conforto dos utentes. As diversas atividades realizadas nas praias fluviais devem ser compatíveis, entre banhos e natação – atividade considerada determinante – com outras: gaivotas, canoagem, remo e pesca.
São vários os requisitos para que um determinado local na margem do rio seja considerado uma praia fluvial. A questão da segurança e da limpeza, a presença de infraestruturas e a disponibilidade de informação são alguns dos pontos que devem obrigatoriamente serem salvaguardados. Relativamente a equipamentos específicos, devem ser disponibilizados instalações sanitárias, posto de primeiros socorros e comunicação de emergência. Serviços como a assistência a banhistas e recolha de lixos são igualmente fundamentais na atribuição da designação de praia fluvial.
A canoagem é um desporto que pode ser praticado em rios, mar e lagoas. Qualquer pessoa com capacidade física normal e que saiba nadar pode praticar canoagem. Sempre que possível deve-se navegar junto às margens e, para que a prática deste desporto seja feita em segurança, deve-se saber o estado do caudal do rio que se pretende descer e ter consciência das condições meteorológicas.
Quando praticada em águas calmas, a canoagem é uma atividade ideal para os apreciadores de passeios tranquilos, que proporcionem um contacto direto com o meio natural ao longo do curso de água. Os troços finais do rio Cávado possuem as condições ideais para a prática deste tipo de canoagem.
A canoagem praticada em águas bravas requer maior concentração e esforço físico, e é vocacionada para atletas com maior experiência ou para quem procura emoções mais intensas. Este tipo de atividade é normalmente desenvolvido em troços de rio de montanha.
Para a prática de canoagem torna-se necessário o seguinte material: caiaque (Kayak) ou canoa, botas de neoprene, calções, camisola térmica no verão ou fato isotérmico no inverno, colete salva vidas e pagaia. Em algumas atividades torna-se necessário a utilização de saiote impermeável e capacete de segurança.
Esta modalidade desportiva, relativamente recente, encontra-se atualmente bastante em voga e em crescimento. O Kitesurf, Kiteboarding ou mesmo Flysurf é um desporto aquático que utiliza uma asa e uma prancha com uma estrutura de suporte para os pés. A pessoa, com a asa presa à cintura, coloca-se em cima da prancha e, sobre a água, é impulsionada pelo vento que atinge asa. Ao controlá-la, através de uma barra, consegue-se escolher o trajeto e realizar saltos incríveis.
O Kitesurf foi inventado em 1985 por dois irmãos franceses: Bruno e Dominique Legaignoux, mas apenas atingiu alguma popularidade a meio da década de 1990.
A designação resulta da junção de duas palavras inglesas: Kite, que significa asa e Surf, do verbo inglês to surf, que significa navegar.
Na zona do estuário do Cávado e mesmo no litoral, a prática desta modalidade desportiva tem vindo a crescer, dadas as condições climatéricas predominantes, que são favoráveis ao mesmo. O kitesurf é considerado um desporto perigoso, com riscos elevados para quem não segue as normas de segurança, pelo que deve ser ensinado por um instrutor qualificado.
O requisito básico para aprender kitesurf é saber nadar bem e sentir-se confortável na água, mesmo na presença de ondas. Ao contrário do que se pensa, não é obrigatório ser-se forte, mas um bom condicionamento físico e tranquilidade mental ajudam à aprendizagem.
Para a prática desta modalidade é essencial a presença de vento. Contudo, quando este está demasiado forte ou as condições climatéricas não são as ideais, como é o caso de chuva forte ou trovoada, é mais seguro não arriscar a prática de kitesurf. Os ventos ideais para se aprender kitesurf ficam entre 8 e 18 nós, sendo que o instrutor deve fornecer o kite apropriado à intensidade de vento e peso e força do aluno. A faixa de vento ideal para a fase de water-start (sair velejando da posição parada) fica entre 10 e 15 nós.
O mergulho é uma prática muito antiga, que consiste na exploração submarina, e que implica ou não a utilização de equipamentos especiais e adaptados à atividade. Existem três modelos de mergulho: o mergulho livre ou de apneia, em que o mergulhador não utiliza qualquer equipamento para respiração subaquática; o mergulho autónomo em que o mergulhador é auxiliado por equipamentos que ele próprio carrega; e por fim o mergulho dependente, em que o ar é fornecido ao mergulhador a partir da superfície, por intermédio de um compressor de ar ou de uma mangueira.
O mergulho dependente não deve ser praticado por mergulhadores amadores, uma vez que, como não há limitação de ar para a permanência do homem sob a água, facilmente os limites não descompressivos do mergulho podem ser ultrapassados, obrigando a que o mergulhador efetue várias paragens programadas para possibilitar a descompressão. Por outro lado, uma interrupção no fornecimento de ar para o mergulhador pode ser fatal, dependendo sempre da profundidade e do tempo do mergulho.
O mergulho dependente é largamente utilizado por profissionais, especialmente os que trabalham em plataformas de petróleo e na construção civil.
O mergulho livre consiste numa descida sem o auxílio de equipamentos que asseguram a respiração subaquática e que se baseia em técnicas de controle do tempo de apneia. O mergulhador depende exclusivamente de sua capacidade pulmonar, preparação física e principalmente do controle emocional.
Para os iniciantes é recomendado o mergulho livre.
Esta modalidade permite que o mergulhador fique mais tempo submerso na água com auxílio do equipamento de respiração. O mergulho autónomo pode ser dividido basicamente em mergulho recreativo e mergulho técnico. A profundidade limite para este tipo de mergulho ronda os quarenta metros de profundidade. A partir daí, acentuam-se os efeitos da narcose pelo nitrogénio, o que torna arriscado o mergulho realizado simplesmente com ar comprimido.
O mergulho pode ser usado desde para estudos da biologia marinha até para trabalhos de solda em tubulações de gás.
Quando mergulhamos, facilmente ficamos desidratados pelo que se recomenda o redobrado consumo de água, antes do mergulho. Após ou entre os mergulhos são recomendadas bebidas isotónicas para repor também os sais minerais. Por outro lado, o contacto por tempo prolongado com a água a temperatura mais baixa do que o ambiente, provoca uma excessiva perda de calorias.
Os mergulhadores podem perder até quatro quilos num só dia na água. Para evitar problemas, devem comer substâncias doces, como leite condensado, com o objetivo de reforçar as calorias que o organismo metaboliza com muita rapidez. A alta concentração de sal na água também seca a boca dos mergulhadores, que procuram substâncias doces para conservar o paladar.